9.) Entrando em Plena Harmonia com Deus

Por seis mil anos, a raça humana vem sofrendo as consequências causadas pela queda de seus primeiros pais no Jardim do Éden.  Ao mesmo tempo, Deus tem estado trabalhando para nos levar de volta à perfeição de caráter com que fomos criados, e para finalizar esse processo, a obra de Cristo tem passado por três fases básicas.

A primeira fase foi iniciada nos portões do Jardim do Éden, onde um altar foi erigido para que o pecador pudesse oferecer um cordeiro morto por seus pecados. A entrada para o Jardim fora protegida por dois anjos que empunhavam espadas flamejantes. Isto prenunciava o Santuário terrestre que seria erigido por Moisés no deserto para os filhos de Israel, depois que estes saíssem do Egito e estivessem a caminho da Terra Prometida, e que, mais tarde, seria substituído pelo templo erguido por Salomão.

Em cada fase do plano da salvação Jesus tem estado presente participando ativamente.   Resguardado por uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, Ele liderou o povo de Israel pelo deserto até à Terra Prometida. Depois do tabernáculo ter sido construído, Cristo estava presente no Shekinah entre os dois querubins sobre a tampa da Arca da Aliança, que estava posicionada atrás da cortina interior, local inacessível ao povo. Esses querubins guardavam a Arca assim como os dois querubins haviam guardado a entrada para o Jardim do Éden.

Todos os serviços do Santuário eram uma representação profética da futura obra de Cristo em cada uma das três fases do plano da salvação. O Pátio representava Sua condescendência em se tornar um com a raça humana, subsistindo, com êxito, as provas nas quais Adão havia caído e oferecendo-se a Si mesmo, como o cordeiro que haveria de ser morto por nossos pecados, a fim de que todo aquele que aceitasse Seu sacrifício conseguisse viver Sua vida através do Espírito Santo. As últimas duas fases dos serviços do Santuário representam a obra de Cristo no Santuário celestial, onde Ele está trabalhando em favor de Seus seguidores para sua restauração completa do pecado

Nos artigos anteriores, apresentei de forma detalhada, o significado experienciado dos serviços do Santuário, conforme se aplicam a nós hoje. Neste artigo, quero examinar atentamente às duas últimas fases do ministério de Cristo no Santuário celestial conforme se aplicam à obra de Cristo na restauração de nosso caráter à imagem de Deus, caráter este que foi perdido por Adão e Eva no Jardim do Éden.

Após sua morte, ressureição e ascensão de volta ao Céu, Jesus entrou no Lugar Santo com o objetivo de cumprir a fase seguinte de Sua obra no Santuário celestial - a obra de interceder por nós diante de Seu Pai. Até aquele período havia sido dada ênfase principalmente ao comportamento correto. No entanto, quando Jesus veio à Terra, Ele aprofundou muito mais o assunto do pecado e abriu um leque enfatizando a importância de estarmos cientes de que o pecado tem seu início nos pensamentos e sentimentos.

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.  Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. [...] Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:21, 22, 27, 28).

Jesus foi odiado por causa dessa revelação, pois os escribas, fariseus e líderes do povo se orgulhavam de seu comportamento exterior e lidavam com o problema do pecado exigindo que todos obedecessem às regras e regulamentos feitos pelo homem. Muitas pessoas hoje se encontram na mesma condição daqueles líderes, pois pensam que enquanto estiverem fazendo boas ações e mantendo um comportamento aceitável, estarão cumprindo as exigências de Deus para sua salvação.  Tais pessoas acreditam que o sangue de Cristo derramado na cruz compensará a diferença entre suas imperfeições, e a vida e o exemplo perfeitos de Cristo. Em outras palavras, essas pessoas não passaram além do Altar de Sacrifício que ficava no Pátio, onde o cordeiro morto queimava dia e noite pelos pecados do povo.  No entanto Jesus não se encontra mais no Pátio e, se desejarmos ser salvos, precisamos acompanhá-Lo em Sua obra intercessora no Santuário celestial, e estar atentos ao que Ele está realizando agora, para que, assim, possamos cooperar plenamente com Ele e receber Seus benefícios de intercessão.

“A verdade é mantida muito no pátio exterior. Seja ela trazida ao templo interior da alma, entronizada no coração e que assuma o controle da vida. A Palavra de Deus deve ser estudada e obedecida, então o coração encontrará paz, descanso e alegria, e as aspirações estarão voltadas para o Céu. Mas quando a verdade é posta à parte da vida, no pátio exterior, o coração não é aquecido com o ardente fogo da bondade divina” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 5, p. 547).

“Os que, pela fé, seguem a Jesus na grande obra da expiação, recebem os benefícios de Sua mediação em seu favor; enquanto os que rejeitam a luz apresentada neste ministério não são por ela beneficiados” (O Grande Conflito, p. 430).

Percebe você como é essencial estudar o Santuário e saber o que Jesus está fazendo por nós agora, para que possamos cooperar com ele de forma inteligente?

“Jesus disse aos anjos que todos os que O achassem compreenderiam a obra que Ele deveria realizar” (Primeiros Escritos, p. 251).

“Deve haver uma purificação da alma aqui na Terra, em harmonia com a purificação do Santuário no Céu, efetuada por Cristo” (Maranata, p. 252).

Em todas as eras Deus tem almejado que Seu povo se entregue totalmente a Ele para que Ele possa lhe aperfeiçoar o caráter. Há um texto importante em Ezequiel que expressa o propósito final de Deus para aqueles que O seguirem e tiverem um relacionamento de purificação com ele.

“E lhes darei um mesmo coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei um coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ezequiel 11:19, 20).

Aqueles que têm uma experiência apenas de Pátio têm seu enfoque principalmente no comportamento – tanto no deles, como no dos outros - e tendem a ter uma atitude crítica, julgadora.  Na realidade, eles não conhecem a Jesus como seu amigo pessoal, pois não O seguiram até o Primeiro Compartimento do Santuário, local onde Cristo efetua a mudança do coração e da vida da pessoa, substituindo o vazio ali encontrado, por Seu Espírito Santo, representado pelo Candelabro de Sete Lâmpadas. Nesse mesmo Compartimento encontramos também a Mesa dos Pães da Proposição, que representa a vida de Jesus, transmitida e imputada a nós quando iniciamos um relacionamento de íntima comunhão e de companheirismo com Ele. O Altar de Incenso, localizado antes da segunda cortina também representa a comunicação com o Céu e uma vida de intensa oração com Jesus.

Essa “experiência do Lugar Santo” se iniciou no Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado em ricas torrentes sobre os discípulos e os seguidores de Jesus, como um sinal de que Ele havia inaugurado Sua Obra como Sumo Sacerdote no Santuário celestial.

“Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi essa cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi, de fato, glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade” (Atos dos Apóstolos, p. 21).

“Depois da ascensão de Cristo, Sua entronização em Seu reino intercessório foi assinalada pelo derramamento do Espírito Santo” (Parábolas de Jesus, p. 58).

Essa segunda fase do ministério de Cristo trouxe Seus seguidores a uma experiência mais intensa de relacionamento pessoal com Ele, diferente de tudo que já tinha sido experimentado pela maioria dos crentes durante a ministração no Santuário terrestre, onde a conexão diária com Deus era feita através de sacerdotes e intercessores humanos, em lugar de um relacionamento íntimo pessoal com Deus. Embora o caminho sempre tivesse estado aberto permitindo uma caminhada íntima com Deus que tiveram Enoque, Noé, Abraão, Moisés e Davi, a grande maioria das pessoas estava satisfeita em ter um mediador humano entre ela e Deus.

Ao Jesus ter iniciado Sua obra no Santuário celestial, o caminho foi aberto para que cada pessoa pudesse ter um relacionamento profundo e pessoal com Deus e comunicação constante com Jesus através da habitação do Espírito Santo. Esse relacionamento íntimo com Jesus foi o que deu aos Seus seguidores coragem para enfrentar o longo e escuro período de perseguição que surgiu como resultado do ódio de Satanás por Jesus e pelos membros de Seu reino. Desenvolveu-se então o contra-ataque de Satanás, através do papado, cuja base está na premissa de que a pessoa comum precisa um mediador humano entre ela e Deus, pois o objetivo de Satanás é controlar os direitos individuais e a consciência de cada pessoa. Mas apesar da perseguição, o Reino de Deus avançou e prosperou através da propagação do Protestantismo e da compreensão de que a salvação somente é possível por meio de uma relação íntima e pessoal com Jesus e pela Sua mediação contínua por nós no Santuário celestial.

Desafortunadamente, a medida em que os séculos foram passando e a perseguição diminuiu, o Protestantismo perdeu seu fervor, e, em muitos casos, o formalismo tomou o lugar de um relacionamento íntimo e pessoal com Jesus.  A teoria e os princípios do papado foram sutilmente incorporados nas igrejas populares e o povo acabou ficando mais satisfeito em ouvir seus ministros e líderes do que gastar tempo em oração e estudo da Bíblia. Porém era chegada a hora de Jesus iniciar a terceira e última fase de Sua obra no Santuário celestial, a obra final de julgamento, tanto dos mortos quanto dos vivos e aniquilar, de uma vez por todas, o pecado do Universo.

Essa transição aconteceu em 1844, quando Deus levantou o movimento do Advento. As pessoas novamente se tornaram estudantes da Palavra e receberam a verdade de que Jesus teria saído do Primeiro Compartimento, onde Ele cumprira Sua primeira obra, e entrado no Segundo Compartimento, onde Ele iria purificar e apagar todos os pecados de Seu povo, em preparação para Sua segunda vinda.  Aqueles cristãos das igrejas Protestantes nominais que não captaram a luz do Segundo Compartimento brilhando sobre eles através da pregação da mensagem do primeiro anjo, foram deixados para trás nas trevas, e Satanás assumiu a posição que Cristo havia ocupado anteriormente no início do movimento Protestante.

“Voltei-me para ver o grupo que estava ainda curvado perante o trono; eles não sabiam que Jesus o havia deixado. Satanás parecia estar junto ao trono, procurando conduzir a obra de Deus. Vi-os erguer os olhos para o trono e orar: ‘Pai, dá-nos o Teu Espírito’. Satanás inspirava-lhes uma influência malévola; nela havia luz e muito poder, mas não suave amor, gozo e paz. O objetivo de Satanás era mantê-los enganados e atrair de novo e enganar os filhos de Deus” (Primeiros Escritos, p. 56).

Ou seja, aqueles cristãos não acompanharam Jesus ao Ele entrar na obra de purificação do Segundo Compartimento, ou seja, a obra de apagamento dos pecados de Seu povo que Jesus realizaria em favor daqueles que O seguissem até ali, e participassem dessa obra especial.  Observe que o objetivo de Satanás não era apenas manter o mundo Protestante no engano, mas também usá-los para atrair os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em sua rede de engano.

Já se passaram 175 anos desde o início do movimento do Advento que se tornou a Igreja Adventista do Sétimo Dia, e a tendência natural de um movimento se tornar institucionalizado, é a direção que muitos estão tomando. Nossos jovens estão saindo de nossas instituições educacionais e ensinando nos púlpitos o que aprenderam. Não há nada de errado com as instituições de aprendizagem, nem no ensino que aprendemos pelos meios formais de educação; o problema começa quando tomamos o que aprendemos, sem antes fazer o nosso próprio estudo aprofundado da Bíblia e do Espírito de Profecia. Cada pessoa precisa se tornar um bereano (veja Atos 17:10, 11) e examinar passagem com passagem para se certificar de que o que lhe foi ensinado ainda contém a verdade que Jesus nos deu no Segundo Compartimento do Santuário celestial, onde Ele ainda está ministrando no momento por nós.  Estamos nós acompanhando a Jesus enquanto Ele prossegue do julgamento dos mortos para o julgamento e a purificação dos vivos, em preparação para que o selo de Deus possa ser colocado sobre as nossas testas?

 

Falarei agora diretamente sobre uma crença que é mantida e ensinada por muitos Adventistas, sobre a impossibilidade de alcançar vitória completa sobre o pecado até que nossa natureza carnal seja removida na vinda de Jesus e que, portanto, pecaremos até que Ele volte. Essa é uma doutrina que vem diretamente de outras igrejas Protestantes e que destrói totalmente a compreensão da obra que deve ser realizada pelo ministério de Jesus no Santíssimo, antes de Sua volta.  Esse ensinamento destrói a nossa identidade e o nosso chamado como Adventistas do Sétimo Dia para pregar a obra concluída da salvação. Aqueles que acreditam e estão espalhando esse ensinamento errôneo estão, talvez inconscientemente, seguindo a inclinação natural do coração humano de receber doutrinas, crenças e ensinamentos de outras religiões.

Esse conceito, na realidade, se iniciou no Céu, quando um terço dos anjos seguiu a Lúcifer, seu líder escolhido, tendo permitido que ele influenciasse e controlasse seus pensamentos. No Jardim do Éden, Satanás introduziu o mesmo conceito a Eva, ao prometer-lhe que se ela comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal sua posição seria elevada para ser como um deus.

“Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:4, 5).

Foi exatamente isso que causou a queda de Satanás no Céu.

“E, cobiçando a glória que o infinito Pai conferira a Seu Filho, este príncipe dos anjos aspirou ao poder que era a prerrogativa de Cristo apenas” (Patriarcas e Profetas, p. 10).

Essa semente de rebelião está agora no coração de cada pessoa nascida neste mundo desde a queda de Adão e Eva. Podemos vê-la, por exemplo, em Caim, quando este se rebelou contra as exigências de Deus referentes à oferta de sangue pelo pecado, substituindo-a por suas próprias obras - fruto do seu trabalho. Podemos vê-la também nos israelitas quando exigiram ter Moisés como porta-voz, em vez de assumirem a responsabilidade de ouvirem eles mesmos a voz de Deus.

“Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis. O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava” (Êxodo 20:19-21).

Observe a razão dada pelos israelitas para não quererem ouvir a voz de Deus: eles tinham medo da presença de Deus, porque perceberam que tinham pecados em sua vida e não tinham o desejo de fazer o esforço necessário para vencer e serem purificados de seus pecados, para assim se tornarem amigos especiais de Deus, como Moisés e seu pai Abraão haviam sido.  Por essa razão eles escolheram ter um intercessor humano entre eles e Deus. Essa é ainda a razão principal pela qual as pessoas preferem ter intercessores humanos e dedicar-lhes lealdade, do que se tornarem responsáveis por falar diretamente com Deus. Essa atitude traz uma falsa segurança de que estão salvos sem se renderem completamente a Deus

Hoje, a maior parte dos cristãos esperam que pastores, professores, acadêmicos e líderes populares façam os estudos em lugar deles, para que possam viver a vida como quiserem, sem terem que fazer o esforço de estudar a Bíblia e manter um relacionamento consciente, contínuo e vivo com Jesus. Porém essa é uma esperança vã, e acabará por custar-lhes a alma, pois somente Jesus conseguirá fazer as mudanças necessárias em nossa vida para nos preparar para sermos cidadãos do Céu.

“A vida da alma depende da comunhão habitual com Deus” (Nossa Alta Vocação, p. 126).

“Nunca poderemos atingir a perfeição de caráter, caso não ouçamos a voz de Deus e Lhe obedeçamos ao conselho” (Filhos e Filhas de Deus, p. 90).

“É unicamente pela união pessoal com Cristo, pela comunhão diária com Ele, comunhão de cada hora, que nos é possível dar os frutos do Espírito Santo. ... Nosso crescimento na graça, nossa alegria, nossa utilidade, tudo depende de nossa união com Cristo e do grau de fé que nEle exercemos” (Filhos e Filhas de Deus, p.290.

Você alguma vez se perguntou sobre o misterioso número 666? Embora o significado principal possa estar se referindo ao nome Vicarius Filii Dei, que significa “Substituto do Filho de Deus” - um dos títulos do papa de Roma (veja Comentário Bíblico Adventista, Vol. 7, p. 823), quero propor que pode ser aplicado um significado mais amplo, que abrange a humanidade inteira, pois Apocalipse 13:18 diz:  “Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número do homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”.

Quando Adão e Eva foram criados no Jardim do Éden, no sexto dia, como os últimos das obras criadas por Deus, foram criados perfeitos em todos os aspectos, mas ainda não haviam sido “consagrados” para o relacionamento que teriam com o Criador.

Sua consagração aconteceria no Sábado, quando passariam um período de 24 horas de descanso, comunhão e companheirismo com Jesus e os anjos assistentes. Assim foi que, o Sábado de descanso e comunhão com Deus ficou marcado permanentemente na mente de nossos primeiros pais, como uma parte essencial de sua criação.

“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gênesis 2:2, 3).

Percebe você como o Sábado e a necessidade de comunhão com Deus foram colocados de forma permanente sobre o coração e a alma do homem como parte de sua criação? Portanto, é algo que não pode ser mudado ou revogado sem destruir  o propósito original de Deus ao criar a humanidade para estar em constante conexão e comunhão com Ele. Quando Deus estabeleceu o primeiro Sábado como um período completo de 24 horas de comunhão amorosa com Ele, o coração do homem se ligou ao dEle de tal forma, gerando a necessidade de comunicação contínua com Ele durante todo o restante da semana, mesmo durante o engajamento em outras atividades, e fazendo com que a habitação natural do Espírito Santo em suas vidas fosse imprescindível

Não é de se admirar que Satanás odeie tanto o dia de Sábado! Se o Sábado fosse observado como deveria ser, como um dia relacional de comunhão com Deus e de adoração, ele se tornaria um baluarte contra as tentações do diabo; porém se o Sábado for mantido apenas como proforma, sem um verdadeiro relacionamento com Jesus, ele deixa de ser um dia de salvação para se tornar um dia qualquer.

Aqueles que acreditam que podem ir à igreja no Sábado, mas vivem a vida de qualquer jeito no restante da semana, chegarão no período do Decreto Dominical e facilmente transferirão sua obediência às leis do homem. O Sábado somente poderá ser santificado quando os outros seis dias da semana também tiverem sido gastos no serviço amoroso e na comunhão com Deus.  É por essa razão que o número 666 é símbolo do número do homem, pois é um número que reflete a obra inacabada de salvação no coração.

“A fim de santificar o sábado, os homens precisam ser eles próprios santos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 193).

“A energia criadora que trouxe à existência os mundos, está na Palavra de Deus [...] Cada ordenança é uma promessa; aceita voluntariamente, recebida na alma, traz consigo a vida do Ser infinito. Transforma a natureza, cria de novo a alma à imagem de Deus” (Educação, p. 126).

“Essa lei dos dez preceitos [...] é a voz de Deus falando do Céu às pessoas, em promessa: ‘Façam isto, e vocês não ficarão sob o domínio e controle de Satanás’” (Comentário Bíblico Adventista, Vol. 1, p. 1105).

Quão perigoso é para as pessoas continuarem vivendo sem se assegurarem de que o coração está esvaziado do egoísmo e do pecado de todos os tipos! Se estivermos absorvendo os pensamentos, sentimentos, as modas e os comportamentos do mundo, a voz mansa e suave de Jesus falando ao coração passará despercebida e o ego assumirá o controle do coração. Então, quando o Decreto for instituído, exigindo que todo o mundo se curve diante do Domingo/Sábado da Besta, a vontade do homem se curvará à vontade de Satanás, falando através do homem do pecado. Não há segurança em simplesmente conhecer a verdade; é preciso haver obediência de coração a Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Você já participou alguma vez no processo de conservação de frutas e legumes, em preparação para o inverno? Os frascos precisam estar completamente limpos e livres de qualquer sujeira ou organismos que possam causar fermentação, e o processo de preservação tem que receber a temperatura correta que selará os frascos perfeitamente a fim de preservar os alimentos durante os longos meses de inverno. Da mesma forma, o processo de preparação do povo de Deus para o tempo de angústia precisa apresentar um produto completamente livre da presença ou das raízes do pecado, a fim de que o selo de Deus possa ser colocado sobre a testa, que irá preservá-los durante o tempo de angústia.

“Só os que receberem o selo do Deus vivo terão o passaporte para transpor os portais da cidade santa. Mas há muitos que assumem responsabilidades associadas à obra de Deus que não são crentes sinceros e, enquanto permanecerem assim, não poderão receber o selo do Deus vivo. Confiam em sua própria justiça, que o Senhor considera como loucura [...] O selo do Deus vivo só será colocado sobre os que possuem semelhança de caráter com Cristo.

“Como a cera recebe a impressão do sinete, assim deve a alma receber a impressão do Espírito de Deus e reter a imagem de Cristo.

“Não devemos imitar nenhum ser humano. Não há nenhum ser humano que seja suficientemente sábio para ser nosso critério. Devemos olhar para o homem Cristo Jesus, o qual é completo na perfeição da justiça e santidade [...] Ele é o homem exemplar. Sua experiência é a medida da experiência que devemos obter. Seu caráter é nosso modelo [...] Contemplando, sejamos transformados à Sua semelhança [...] Ao olharmos para Ele e meditarmos a Seu respeito, Ele será formado em nós, a esperança da glória. Procuremos, com todo o poder que Deus nos tem dado, estar entre os cento e quarenta e quatro mil” (Comentário Bíblico Adventista, Vol. 7, p. 969).

“Agora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo. Nem mesmo por um pensamento poderia nosso Salvador ser levado a ceder ao poder da tentação. Satanás encontra nos corações humanos algum ponto em que pode obter apoio; algum desejo pecaminoso é acariciado, por meio do qual suas tentações asseguram a sua força. Mas Cristo declarou de Si mesmo: ‘Aproxima-se o príncipe deste mundo, e nada tem em Mim’. Satanás nada pôde achar no Filho de Deus que o habilitasse a alcançar a vitória. Tinha guardado os mandamentos de Seu Pai, e não havia nEle pecado que Satanás pudesse usar para a sua vantagem. Esta é a condição em que devem encontrar-se os que subsistirão no tempo de angústia” (O Grande Conflito, p. 623).

Agora que ficou estabelecida a condição do produto final do povo de Deus, surge a pergunta: qual é o processo para alcançar esse objetivo?

Antes de tudo, precisamos investigar nossos corações a fundo para ver se há alguma tendência em nós de colocar outros seres humanos acima de Jesus, o nosso Modelo, Melhor Amigo, Companheiro Constante e Aquele a quem buscamos como nosso Exemplo e Conselheiro. Embora possamos aprender uns com os outros, a medida em que compartilhamos o que temos aprendido de Jesus, precisamos ter cuidado para:

“Remeter a Ele cada pensamento e ação, indagando: ‘É este o caminho do Senhor?’ Se [assim] fizéssemos, andaríamos com Deus, como ocorreu com Enoque” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 6, p. 393).

“Vinde a Cristo tal como estais — fracos, desamparados, e prontos a morrer. Apoiai-vos totalmente em Sua misericórdia. Não há dificuldade dentro ou fora de vós que não possa ser vencida com Sua forca [...] Não há índole que Cristo não possa subjugar nem temperamento tão tempestuoso que Ele não possa aquietar, se o coração for submetido à Sua guarda” (Olhando para o Alto, p. 357).

“Ninguém que confie sua alma a Jesus precisa desesperar-se” (Olhando para o Alto, p. 357).

Para quebrar o poder do orgulho e auto exaltação no coração do homem caído, Jesus consentiu em se tornar um servo de servos. Somente mantendo nossos olhos fixos nEle poderemos entrar em Seu descanso... para nos refugiarmos dos clamores do homem do pecado que habita em nós, que faz com que queiramos fazer a nossa própria vontade produzindo um tipo de justiça que nos permita ter o controle final de nossa vida, e achando que podemos obter salvação por nossas próprias obras. Todo aquele que agir dessa forma receberá a marca da besta, pois seu caráter estará inacabado.  Tal qual o número 666, não poderão usufruir do Sábado de descanso, que é o selo da aprovação de Deus sobre a obra finalizada de justiça no coração e vida de Seus fiéis seguidores que O seguirão na batalha contra a besta no final dos tempos.

Paulo descreve a necessidade de entrar no descanso do Sábado em Hebreus 4:1-11:

“Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado. [...] Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, [...] Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. [...] Portanto, resta um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso”.

Este “descanso” mencionado por Paulo é claramente o descanso de confiar em nossas próprias obras para a salvação, ou de uma combinação de fé em Jesus acrescentando as nossas próprias obras. Aqueles considerados por Deus como o produto finalizado da obra de Cristo no final dos tempos terão definitivamente abandonado qualquer fé em si mesmos ou confiança em sua própria justiça.  Somente esses serão capazes de entrar no perfeito descanso sabático de Cristo e ser selados para a eternidade. Estes são aqueles que foram descritos em Apocalipse 14 e 17 como seguindo o Cordeiro aonde quer que Ele vá.

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. [...] Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus” (Apocalipse 14:1, 4, 5).

Os 144 mil, que se mantiveram puros das mentiras e dos ensinamentos de outras denominações e igrejas, estarão totalmente preparados para seguir Jesus na guerra final contra a grande igreja apóstata e suas filhas imorais no final dos tempos.

“E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. [...] E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra.[...] Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis” (Apocalipse 17:3-5, 14).

Estará você entre esse número, que são os chamados, eleitos e fiéis seguidores de Jesus que viverão no tempo de angústia que está à nossa frente? Se assim for, você precisa estar disposto a segui-Lo agora, na obra de purificação que Ele está realizando no Segundo Compartimento do Santuário celestial. Precisamos ser purificados de qualquer coisa que seja diferente do caráter de Jesus! Isso requer uma caminhada constante com Ele, pela qual seremos purificados de qualquer coisa que nos separe dEle, em pensamento ou ações.  Precisamos amá-Lo de tal forma a ponto de preferir morrer do que manter um caráter que é uma combinação do bem e do mal. Tal qual Adão e Eva, naquele primeiro Sábado, seremos capazes de entrar no descanso perfeito da comunhão contínua e ininterrupta com Jesus, sem qualquer falha em nosso caráter. Seremos o produto da obra consumada de salvação, assim como Adão e Eva foram o produto da obra consumada da criação; e estaremos preparados para entrar no descanso eterno do Sábado que Jesus preparou para nós no Lar celestial.

 

 

Carol Zarska, MAR, Escritora, em 4 Agosto 2019