13.) O Aniquilamento do Pecado II

Desde o princípio, sempre houvera completa harmonia de mente e coração entre Deus e Suas criaturas; paz, amor e tranquilidade reinavam por todo o Universo. Até Lúcifer iniciar sua jornada pela escuridão, era desconhecida qualquer divergência com Deus e Seus princípios. Quando a tentação surgiu no coração de Lúcifer pela primeira vez, questionando a bondade de Deus, Sua sabedoria e Sua lei, ele a repeliu, pois nenhum outro ser jamais havia sido tentado a se aventurar do conhecido ao desconhecido quanto ao Governante supremo do Universo. Mas por alguma razão, as dúvidas voltavam a surgir cada vez mais em seu coração, até que finalmente ele começou a considerá-las constantemente.

Qual era a diferença entre ele e o Filho de Deus? Teria havido algum dia um início para o Filho de Deus como houvera para ele? Por que havia ele sido excluído de alguns dos conselhos privativos entre os membros da Divindade? Por que razão existia uma lei divina para seres perfeitos que não tinham desejo inato de pecar? Essas e outras perguntas seduziram de tal forma a mente de Lúcifer que ele não conseguiu mais controlá-las. Então, discretamente, ele começou a compartilhar seu descontentamento com os outros anjos.

Por meio da Bíblia e do Espírito de Profecia, recebemos luz sobre o mistério da iniquidade e da estranha e incompreensível jornada empreendida por Lúcifer, a qual mergulhou o Céu e o Universo inteiro no grande conflito entre o bem e o mal. Embora não haja desculpa para o pecado, nosso sábio e benevolente Criador escolheu revelar-se a Si mesmo e a Seus princípios através do plano da salvação, mesmo que isso exigisse o sacrifício supremo da vida de seu amado Filho.

Pela complexidade da natureza do pecado foram necessários seis mil anos para que todas as facetas da rebelião e suas consequências se manifestassem. Mas agora chegou a hora, finalmente, de colocar um fim na batalha entre o bem e o mal. Tudo quanto podia ser mostrado e examinado acha-se agora aberto diante do Universo.  Tudo o que falta agora é produzir uma geração final do remanescente purificado -- aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).

Enquanto esteve na Terra, Jesus exclamou: “Quando o Filho do homem vier, porventura achará fé na Terra?” (Lucas 18:8). Ele estava se referindo sobretudo à última geração que estará viva quando Ele voltar para realizar a colheita da ceifa, na conclusão do Seu ministério no Santuário celestial e do plano da salvação. Quando chegar esse tempo, tudo o que precisa ser demonstrado sobre o mistério da iniquidade em relação à integridade e à perfeição do caráter e do governo de Deus estará descoberto, à vista de todo o Universo. Mas por que razão Jesus teria destacado a fé como a principal característica que Ele busca encontrar em Seu povo no final dos tempos? É porque sem fé é impossível conhecer a Deus ou ter um relacionamento salvífico com Ele, impossibilitando assim alcançar o nível de perfeição necessário para a finalização da obra que precisa ser realizada antes do plano da salvação ser concluído. Paulo fala sobre isso em Romanos 1:1-5: 

“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. [...] Acerca de seu Filho, [...] Cristo, nosso Senhor, pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome”.

No decorrer de toda a história, o povo de Deus sempre teve que ter fé em um Deus que não podia ser visto fisicamente com os olhos, mas com quem podia se comunicar no templo interior da mente e da alma, a ponto de preferir morrer a Lhe desobedecer.

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11:1, 2).

Contudo, nós que fazemos parte da geração final, precisamos ter tamanha fé que exceda a daqueles que nos precederam.  A nossa fé precisa abranger a obra de Jesus na completa purificação e no aniquilamento de todo o pecado em nossa vida e em nossa memória. Isto nunca aconteceu antes com qualquer geração que tenha vivido na Terra, e a maioria dos cristãos de hoje não acredita que isso seja possível. Em função de nossas experiências diárias de fracasso, ou por não conseguirmos chegar nem próximos da meta da perfeição, a maioria das pessoas chegou à conclusão de que é impossível chegar a esse nível de perfeita obediência a Jesus todo o tempo, em todos os lugares e em quaisquer circunstâncias. Não é de admirar que Jesus tenha feito a pergunta se, ao retornar para a Terra acharia fé entre Seu povo! Isso exigiria uma fé e um nível de obediência até então desconhecidos. É por isso que Paulo declara em Hebreus 11:39, 40:

“Todos estes, mesmo tendo obtido bom testemunho por meio da fé, não obtiveram a concretização da promessa, porque Deus tinha previsto algo melhor para nós, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”.

Para muitos, as palavras “perfeito” ou “perfeição” despertam sentimentos de medo, ressentimento ou descrença na possibilidade de alcançarmos esse objetivo até chegarmos ao Céu. Aqueles que assim acreditam pensam que Jesus precisa mudar a nossa natureza carnal antes que seja possível a completa santidade de caráter. Em função disso, para muitos cristãos, a justificação pela fé passa a ser a crença de que a justiça perfeita de Jesus irá cobrir as nossas imperfeições até que O vejamos nas nuvens de glória e recebamos o toque final da imortalidade...

Portanto, neste artigo apresentarei uma forma mais ampla de ver o assunto da perfeição bíblica, que envolve a obra de Jesus no Santuário celestial, onde Ele está se reproduzindo na vida daqueles que Lhe permitem purificar seus pensamentos, sentimentos e comportamentos pecaminosos, completando-os com os atributos de Seu caráter perfeito.

No decorrer de toda a história, a perfeição ou a integridade sempre foi exigida do povo de Deus. Enoque, por exemplo, tinha um relacionamento tão íntimo com Deus que foi trasladado; de Noé é dito que era irrepreensível entre o povo de seu tempo; Deus pediu a Abraão que andasse perante Sua face e fosse perfeito, ou irrepreensível. O próprio Senhor afirmou que Jó era irrepreensível e íntegro. A Bíblia diz que Zacarias e Isabel eram “justos diante de Deus, vivendo de forma irrepreensível em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lucas 1:6). Jesus, em Seu discurso inaugural, apresentou esse mesmo padrão elevado a Seus seguidores: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus” (Mateus 5:48).

Por todo o Novo Testamento esse mesmo padrão elevado de caráter e comportamento é proposto aos seguidores de Cristo:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:3, 4).

“[...] Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:25-27).

“E também faço esta oração:  que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros, e inculpáveis para o dia de Cristo; cheios do frutos de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Filipenses 1:9-11 ARA).

“Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Filipenses 2:14, 15).

“E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco, para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos” (1Tessalonicenses 3:12, 13).

“O ideal de Deus para Seus filhos é mais alto do que pode alcançar o pensamento humano. ‘Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus’. Mateus 5:48. Este mandamento é uma promessa. O plano da redenção visa a nossa completa libertação do poder de Satanás. Cristo separa sempre do pecado a alma contrita. Veio para destruir as obras do diabo, e tomou providências para que o Espírito Santo fosse comunicado a toda alma arrependida, para guardá-la de pecar [...]

“Não há desculpas para pecar. Uma santa disposição, uma vida cristã, são acessíveis a todo filho de Deus, arrependido e crente. O ideal do caráter cristão, é a semelhança com Cristo. Como o Filho do homem foi perfeito em Sua vida, assim devem Seus seguidores ser perfeitos na sua” (O Desejado de Todas as Nações, p. 213).

Deus declara de forma muito clara tanto pelas palavras inspiradas das Escrituras como pelo Espírito de Profecia que a perfeição, ou a integridade tem sido a meta para Seus filhos em todas as épocas. Então, por que razão esse padrão parece ser, muitas vezes, tão inatingível no viver diário? Como Jeremias declarou: “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal” (Jeremias 13:23). E Davi observou: “Tenho visto que toda perfeição tem o seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado” (Salmo 119:96). Noutras palavras, os requisitos de perfeição de Deus parecem estar além da capacidade humana, e todas as nossas tentativas ficam aquém da meta.

Paulo também descreve sua frustação nas tentativas de alcançar a meta de perfeita obediência à lei de Deus:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual. Eu, porém, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, concordo com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo. Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta lei: quando quero fazer o bem, o mal reside em mim. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:14-25).

Sem dúvida, todo cristão que já tentou viver a lei de Deus perfeitamente na própria vida pode concordar com a experiência de Paulo! Apesar de nossos anseios e as melhores tentativas, ficamos aquém da meta de perfeita semelhança com Cristo. É nesse ponto que muitos desanimam e aceitam a premissa de que continuaremos pecando até que Jesus volte e remova a nossa natureza carnal, inclinada ao pecado, e nos conceda a perfeição de Sua vida, como Ele a viveu enquanto na Terra.

No entanto, essa premissa não atende às exigências do grande conflito, que é apresentar um produto finalizado e perfeito da graça de Cristo antes que a porta da graça se feche para os povos da Terra. Ora, se Jesus é incapaz de reproduzir Sua vida perfeita na vida de Seus seguidores, Satanás vence o conflito ao provar seu argumento de que as leis de Deus são injustas e impossíveis de serem cumpridas. O próprio nome “Jesus” é uma declaração de Seu plano original e de Sua vocação ao vir a esta Terra. Quando José ficou preocupado com relação à gravidez de Maria, Gabriel veio do Céu e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:20, 21).

Portanto, o produto finalizado da obra de Jesus no Santuário celestial será apresentar um povo aperfeiçoado, lavado/purificado em todas as áreas de sua vidaonde o pecado – que é desarmonia com Deus – tenha sido abandonado, tendo sido restaurada harmonia perfeita entre Deus e o homem. 

“Caindo perto do fim da estação, a chuva serôdia amadurece o grão, e o prepara para a foice [...] Como o orvalho e a chuva são dados primeiro para fazer com que a semente germine, e então para amadurecer a colheita, assim é dado o Espírito Santo para levar avante, de um estágio para outro, o processo de crescimento espiritual. O amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo deve a imagem moral de Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados à semelhança de Cristo” (Testemunhos para Ministros, p. 506).

“Como as oliveiras esvaziam-se nos tubos de ouro, assim procuram os mensageiros celestes comunicar tudo que de Deus receberam. Todo o tesouro celestial aguarda que o peçamos e recebamos; e, à medida que recebemos a bênção, devemos naturalmente transmiti-la a outros [...]

“Esta é a obra que o Senhor deseja que cada alma esteja preparada para fazer neste tempo, quando os quatro anjos seguram os quatro ventos, para que não soprem até que os servos de Deus sejam selados em suas testas. Não há tempo agora para agradar a si mesmo. As lâmpadas da alma devem ser aparatadas. Devem ser supridas com o óleo da graça. Deve-se tomar toda a precaução para evitar toda a decadência espiritual, para que o grande dia do Senhor não nos surpreenda como um ladrão de noite [...] Devemos obter diariamente uma viva e profunda experiência na obra de aperfeiçoar um caráter cristão. Devemos receber diariamente o santo óleo, para que o possamos transmitir aos outros [...] Mas os que não cultivam o espírito e o hábito de oração não podem esperar receber o áureo azeite da bondade, paciência, longanimidade, delicadeza e amor [...]

“A dispensação em que vivemos deve ser, para os que pedem, a dispensação do Espírito Santo. Pedi-Lhe a bênção [...] Somos chamados para proclamar as verdades especiais para este tempo. Para tudo isto, é essencial o derramamento do Espírito Santo. Devemos orar para esse fim. O Senhor espera que Lho peçamos [...] Não podemos depender da forma ou do maquinismo externo [...] Estamos no tempo da chuva serôdia, tempo em que o Senhor outorgará liberalmente o Seu Espírito” (Testemunhos para Ministros, p. 510-512).

Observem cuidadosamente que nós, que estamos vivendo no tempo do fim e do derramamento da chuva serôdia do Espírito Santo, estamos em uma dispensação diferente daqueles que se foram antes de nós; e, em função disso, nova compreensão e novos deveres nos são requeridos

“Vi alguns que não estavam firmes ao lado da verdade presente. Seus joelhos estavam trementes e seus pés escorregavam, porque não estavam firmemente plantados na verdade, e a proteção do poderoso Deus não podia ser estendida sobre eles enquanto estavam assim trementes. Satanás estava procurando lançar mão de todas as suas artes a fim de mantê-los onde estavam, até que o selamento passasse, até que a cobertura fosse estendida sobre o povo de Deus, e eles [os que não estavam firmes ao lado da verdade presente] fossem deixados sem um abrigo da ardente ira de Deus, nas sete últimas pragas” (Primeiros Escritos, p. 44).

“O selo do Deus vivo só será colocado sobre os que possuem semelhança de caráter com Cristo” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 1083).

O que significa estar numa dispensação diferente daqueles que se foram antes de nós? Uma explicação do dicionário considera a história bíblica como sendo dividida por Deus em dispensações, ordens ou eras divinamente indicadas, tais como a dispensação Patriarcal, a Mosaica ou Judaica e a Cristã.

Eu gostaria de propor que a obra e o ministério de Jesus no plano da salvação integral estão representados nas três seções do Santuário: a fase do Pátio representa as dispensações Patriarcal e Mosaica, quando Deus se comunicava com Seu povo por meio do sistema sacrifical. Durante o período Patriarcal, Deus tratava diretamente com os líderes espirituais escolhidos, tais como Enoque, Noé e Abraão para, assim, manter os canais de comunicação abertos entre Ele e a Terra. Através de Moisés e da nação de Israel, Deus revelou uma compreensão mais plena da salvação por meio dos serviços do Santuário terrestre. Todavia, essas eram apenas figuras da realidade por vir.

Quando Jesus veio à Terra, Ele cumpriu todos os significados das figuras e sombras e estabeleceu a base pela qual a plenitude da verdade poderia então, ser exibida através de Seu ministério no Santuário celestial. A compreensão dessas verdades é vital para entendermos o que é requerido de nós neste momento da história.

Por que tem levado tanto tempo para solucionar o problema do pecado e restaurar um relacionamento perfeito entre Deus e o homem? A resposta consiste no fato de que Deus precisa trabalhar dentro dos limites da compreensão inteligente do ser humano e de seu livre-arbítrio, a fim de trazer harmonia, concordância e obediência voluntária às leis de Seu governo. Tudo o que Deus faz se baseia em Seu amor, Sua sabedoria e presciência. Obediência forçada ou coerção não fazem parte do reino de Deus, pois são o oposto dos princípios do amor e da liberdade de escolha. É por isso que Ele precisa permitir que o pecado siga seu curso até que a consequência final do pecado seja exibida perante o Universo.

Em meus estudos e por experiência pessoal, passei a acreditar que as três dispensações que dividem a história da humanidade refletem os três níveis de consciência que compõem a mente humana: o consciente, o subconsciente e o inconsciente.

De acordo com os neurocientistas cognitivos, temos consciência de apenas cerca de 5% de nossa atividade cognitiva e, por isso, a maioria de nossas decisões, emoções e comportamentos dependem 95% da atividade cerebral que vai além da nossa percepção consciente.

O subconsciente, ou o aspecto não intencional da mente, representa cerca de 90% da função cerebral total. É aquela parte da consciência que não constitui o foco perceptivo do momento; é o conjunto de pensamentos, comportamentos e ações habituais e não intencionais. Portanto, a frase que melhor descreve a mente em estado subconsciente é “sem escolha”.

“O inconsciente compreende processos mentais que ocorrem automaticamente, como processos de pensamentos, memórias, e motivações, em um nível não facilmente detectado” [https://clubedemeditacao.com.br/blog/sem-categoria/funcionamento-da-mente-consciente-inconsciente-subconsciente/ ]

Acredito que foi proposital da parte de Deus ter estruturado o processo geral da redenção fazendo com que haja necessidade de purificação e obediência em todos os três níveis da mente, antes que possa ser efetivada a restauração completa da humanidade.  Antes de Adão e Eva pecarem, a mente deles era perfeita, pois havia sido moldada pela mão de Deus e criada à Sua imagem e semelhança.  Porém, depois que pecaram, a mente deles se tornou deturpada, amedrontada e auto protetora. Por terem dado ouvidos ao inimigo e desobedecido à ordem de Deus, Satanás agora tinha acesso à mente deles para introduzir pensamentos e sentimentos que estavam em harmonia consigo mesmo, resultado de sua própria rebelião e pecado contra Deus e Sua lei de liberdade e vida. Em Sua misericórdia, Deus providenciou para o casal uma cobertura ao lhes dar esperança de um redentor vindouro e acesso regular a Ele através do sistema sacrifical da oferta de um cordeiro como propiciação por seus pecados.

Creio também que o estabelecimento dos três níveis mentais foi provido por Deus para nos proteger do peso e da culpa da constante percepção da nossa pecaminosidade que esmagaria nossa esperança e nos separaria de Deus. Adão e Eva tentaram escapar da culpa e do medo cobrindo-se com folhas da figueira e culpando um ao outro e à serpente por seus pecados. Porém Jesus tomou o peso de nossos pecados sobre Si e os suportou em nosso favor como o “Cordeiro morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8).

Somente se aceitarmos Seu sacrifício por nós, poderemos encontrar paz e esperança e nos livrar dos clamores de uma consciência culpada e das acusações do maligno; e somente quando os três níveis da mente estiverem purificados e livres de todo vestígio das consequências do pecado, estará completo o plano da salvação.

A fim de compreendermos a necessidade e a importância da purificação nos três níveis da mente, considerarei cada nível separadamente, a fim de analisarmos as razões pelas quais Jesus não poderá concluir o plano da salvação até que Ele tenha um povo que coopere com Ele na restauração completa da mente.

Quando Adão e Eva foram colocados no Jardim do Éden, foi-lhes dado apenas um teste para provar sua lealdade a Deus e obediência às Suas exigências.

“E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:15-17).

Quando Adão e Eva pecaram e como resultado, seu manto de luz desapareceu, qual foi a imediata reação deles? Por remorso e medo, eles se esconderam de seu Criador que até então tinha sido sua fonte de amor, alegria e felicidade. Cobrindo-se com folhas de figueira, eles se esconderam entre as árvores do jardim.

O que fez a diferença no estado mental e emocional de Adão e Eva depois que transgrediram a lei de Deus? E por que a morte foi o resultado dessa transgressão? A seguinte citação de Patriarcas e Profetas responde a essas perguntas:

“Depois de seu pecado Adão e Eva não mais deviam habitar no Éden. Encarecidamente rogaram para que pudessem permanecer no lar de sua inocência e alegria. Confessaram que haviam perdido todo o direito àquela feliz morada, mas comprometeram-se para no futuro prestar estrita obediência a Deus. Declarou-se-lhes, porém, que sua natureza ficara depravada pelo pecado; haviam diminuído sua força para resistir ao mal, e aberto o caminho para Satanás ganhar mais fácil acesso a eles. Em sua inocência tinham cedido à tentação; e agora, em estado de culpa consciente, teriam menos poder para manter sua integridade” (Patriarcas e Profetas, p. 32).

Imagine a tristeza que Adão e Eva devem ter sentido ao deixarem para sempre seu belo lar no jardim! O único conforto estava na promessa de um Redentor que finalmente viria, não só para resgatar a eles das garras do inimigo, mas a toda raça humana. No entanto, Adão e Eva não foram os únicos a sofrer por causa de seus pecados; o Céu inteiro acabou entrando no conflito, e o plano da salvação concebido antes da fundação do mundo foi colocado em prática.

“A queda do homem encheu o Céu todo de tristeza. O mundo que Deus fizera estava manchado pela maldição do pecado, e habitado por seres condenados à miséria e morte [...] O Filho de Deus, o glorioso Comandante do Céu, ficou tocado de piedade pela raça decaída. Seu coração moveu-se de infinita compaixão ao erguerem-se diante dEle os ais do mundo perdido. Entretanto o amor divino havia concebido um plano pelo qual o homem poderia ser remido. A lei de Deus, quebrantada, exigia a vida do pecador. Em todo o Universo não havia senão um Ser que, em favor do homem, poderia satisfazer as suas reivindicações. Visto que a lei divina é tão sagrada como o próprio Deus, unicamente um Ser igual a Deus poderia fazer expiação por sua transgressão. Ninguém, a não ser Cristo, poderia redimir da maldição da lei o homem decaído, e levá-lo novamente à harmonia com o Céu. Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado — pecado tão ofensivo para um Deus santo que deveria separar entre Si o Pai e o Filho. Cristo atingiria as profundidades da miséria para libertar a raça que fora arruinada.

“Perante o Pai pleiteou Ele em prol do pecador, enquanto a hoste celestial aguardava o resultado com um interesse de tal intensidade que palavras não o poderão exprimir. Mui prolongada foi aquela comunhão misteriosa — o ‘conselho de paz’ (Zacarias 6:13) em prol dos decaídos filhos dos homens. O plano da salvação fora estabelecido antes da criação da Terra; pois Cristo é ‘o Cordeiro morto desde a fundação do mundo’ (Apocalipse 13:8); foi, contudo, uma luta, mesmo para o Rei do Universo, entregar Seu Filho para morrer pela raça culposa. Mas ‘Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna’. João 3:16” (Patriarcas e Profetas, p. 33).

A leitura dessa citação nos dá um pequeno vislumbre da enormidade do problema do pecado e da dificuldade para erradicá-lo do Universo. Jesus foi entregue à raça humana para que se identificasse com os nossos sofrimentos resultantes do pecado, não porque Ele desejasse Se separar do Pai, mas porque Ele não conseguia separar Seu amor de nós, e o Pai estava unido ao Seu Filho na salvação deste planeta rebelde.

Para termos um vislumbre desse amor maravilhoso e insondável precisamos olhar não apenas para a cruz, mas também para a luta de Jesus no Jardim do Getsêmani. Foi no Getsêmani que Jesus se deparou com o tentador sem um mediador, tal qual Adão havia se deparado com o tentador no Jardim do Éden. Mas quanta diferença entre a fácil rendição de Adão em face da tentação, e a luta de vida e morte travada por Jesus no Jardim do Getsêmani! Com o peso dos pecados de séculos sobre Si, Jesus enfrentou o inimigo e o venceu, mesmo antes de ir para a cruz.

“São colocados diante de nós o jardim do Éden, com a desobediência, e o jardim do Getsêmani, com a obediência [...] O jardim do Éden, com sua negra mancha de desobediência, deve ser cuidadosamente estudado e comparado com o jardim do Getsêmani, onde o Redentor do mundo sofreu agonia sobre-humana quando os pecados do mundo todo foram depostos sobre Ele” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1230).

“No jardim do Getsêmani, sofreu Cristo em lugar do homem, e a natureza humana do Filho de Deus vacilou sob o terrível horror da culpa do pecado, até que de seus pálidos e trêmulos lábios arrancou-se o angustioso brado: ‘Meu Pai, se é possível, passa de Mim este cálice’; mas se não há outro meio pelo qual se possa realizar a salvação do homem caído, então ‘não seja como Eu quero, mas como Tu queres’ (Mateus 26:39). A natureza humana teria ali, naquele mesmo momento, morrido sob o horror do senso do pecado, se um anjo do Céu não O tivesse fortalecido para suportar a agonia” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1229, 1230).

Cristo sofreu esta agonia e pagou o preço em favor de todo o ser humano que deseja fazer parte do Seu reino. Muitos, entretanto, encaram essa providência de forma leviana, crendo que continuarão em seus fracassos e pecados até que Jesus remova sua natureza carnal por ocasião de Sua segunda vinda. Esses cristãos não conseguem perceber que Jesus não apenas comprou a nossa salvação por meio do perdão, mas também tomou providências para o completo aniquilamento do pecado, ao comunicar Sua justiça perfeita à alma de todo ser humano que venha a cooperar com Ele, em Seu ministério de purificação e aniquilamento do pecado durante a finalização de Sua obra no Lugar Santíssimo do Santuário celestial.

Pedro se refere a essa verdade em Atos 3:19-21: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o Céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.

“Estamos esvaziando nosso coração de todo egoísmo e purificando-o como preparo para recebermos do Céu a chuva serôdia? Agora é o momento em que devemos confessar e abandonar nossos pecados, para que eles possam ir antecipadamente a juízo para serem apagados” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 4, p. 1299).

“O sangue de Cristo, ao mesmo tempo em que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no Santuário até a expiação final [...] Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu [...] para não mais serem lembrados nem virem a mente” (Patriarcas e Profetas, p. 255).

“O sangue de Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo para redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do Santuário. Este é o serviço iniciado quando terminaram os 2.300 dias” (O Grande Conflito, p. 421).

Jesus está ministrando no Lugar Santíssimo do Santuário celestial há 175 anos. Ele poderia ter voltado na época daqueles que pregaram a mensagem de Sua vinda em 1844. Qual é a razão para essa demora? Será que precisamos de mais igrejas? Mais dinheiro? Mais missionários? Ou Jesus está à espera de um povo que coopere com Ele para que Ele realize a remoção e o aniquilamento de seus pecados, para então ter um remanescente que O represente de forma perfeita diante do Universo?

A necessidade do aniquilamento de pecados já era conhecida pelos patriarcas e profetas do Antigo Testamento. Os serviços do Santuário ensinavam essa verdade anualmente, no Dia da Expiação. Depois do pecado de Davi com Bate-Seba e com a morte de Urias, ele clamou a Deus com profundo arrependimento e coração quebrantado:

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. [...] Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe. Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. [...] Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. [...] Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão” (Salmos 51:1-13).

Percebam que em sua oração Davi reconhece o princípio das tendências ao pecado herdadas desde o nascimento e a necessidade de purificação no íntimo de nossa mente.

Isaías também fala da necessidade de cooperarmos com o processo de apagamento do pecado:  “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro. Faze-me lembrar; entremos juntos em juízo; conta tu as tuas razões, para que te possas justificar. Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim” (Isaías 43:25-27).

“Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta Terra. Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse” (Isaías 1:18-20).

Muitas pessoas consideram que o apagamento do pecado acontecerá em algum momento determinado, sem o nosso conhecimento e em segredo, durante o ministério de Cristo no Santuário celestial. Porém isso não é bíblico, pois “o Senhor não faz coisa alguma sem nossa cooperação” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 236).

Conforme observamos nos textos acima, Deus aguarda a nossa cooperação durante o processo de apagamento do pecado, ao conversarmos com Ele sobre o pecado específico que Ele deseja apagar. Ele também menciona que em Sua mente, bem como nos registros de nossos pecados no Céu, o princípio geracional remonta ao nosso primeiro pai, Adão. Para que Jesus possa apagar os nossos pecados, o próprio princípio do pecado precisa ser aniquilado no íntimo de nossa mente e coração, a fim de ficar comprovado que todas as pessoas a serem levadas para o Céu tenham sido inoculadas pelo sangue de Jesus através do relacionamento tão íntimo com Ele, que a doença do pecado seja para sempre erradicada do Universo.

Porém a pergunta agora é: como poderemos cooperar com Jesus nesse processo de purificação? O mais importante de tudo é nos tornarmos estudantes da Palavra de Deus. Em função de nossa mente estar naturalmente depravada pelo pecado, nossos pensamentos precisam ser regenerados pelo Espírito Santo operando através da Palavra. Na criação do mundo, Deus falou e tudo se fez. Mas foi por meio do Espírito Santo que todas as coisas surgiram.

“A obra do Espírito de Deus deveria ter alguma conexão com a atividade que estava prestes a ter início, uma atividade que traria ordem ao caos. O Espírito de Deus já estava presente, pronto para agir tão logo a ordem fosse dada. O Espírito Santo sempre fez essa mesma obra. Este Agente divino sempre esteve presente para ajudar na obra da criação e redenção, para repreender e fortalecer as almas rebeldes, confortar os aflitos e apresentar as orações do crente de forma aceitável a Deus” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, não EGW).

“Pela obra do Espírito Santo, a verdade é fixada na mente e impressa no coração do estudante diligente e temente a Deus [...] Aqueles que têm a Deus como seu conselheiro fazem a mais preciosa colheita quando recolhem de Sua palavra os áureos grãos da verdade, pois o Instrutor celestial está bem ao seu lado” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1283, 1284).

Para compreender o processo da recriação, precisamos prestar cuidadosa atenção ao roteiro da santificação conforme está evidenciado no Santuário. O Primeiro Compartimento do Santuário era o Pátio. Os rituais associados ao sacrifício do cordeiro apontavam para a propiciação pelo pecado que seria provida pelo sacrifício de Jesus. Observem que neste ritual, o pecador precisava estar presente, confessar seus pecados sobre a cabeça do cordeiro, bem como imolar o animal do sacrifício, estando assim vividamente consciente de que seu pecado só poderia ser expiado pela morte do Filho de Deus que tiraria os pecados do mundo. Desse ponto em diante, o sacerdote realizava todas as atividades cerimoniais associadas aos outros dois compartimentos do Santuário.

É importante notar também que nos serviços do Santuário cada pessoa era responsável pelo reconhecimento consciente de seu pecado, e era obrigada a participar do processo conforme o modelo revelado por Deus a Moisés. A confissão do pecado devia ser específica para que o sangue do cordeiro imolado pudesse ser aplicado à mente consciente, o que ajudaria o pecador a resistir à tentação quando tentado a cometer o mesmo pecado novamente.  Porém, naquele ponto do processo da redenção, não era exigido do pecador compreender as raízes do pecado existentes nos níveis mais profundos do inconsciente e subconsciente. Esses pecados eram expiados através de rituais sagrados realizados no Lugar Santo e Santíssimo, onde só o Sacerdote podia entrar, carregando o sangue sagrado da expiação a fim de receber o perdão em favor do pecador.

Porém quando Jesus, o Cordeiro de Deus, veio ao mundo e pagou o preço pelos nossos pecados na cruz do Calvário, Ele entrou no Santuário celestial com seu próprio sangue onde, agora, como nosso Sumo Sacerdote, pode nos levar junto com Ele para o processo de purificação de nossos pecados, ao passarmos pela experiência do Lugar Santo e, finalmente, pela experiência de purificação e aniquilamento do pecado no Segundo Compartimento do Santuário.

“Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de culto divino e o seu Santuário terrestre.
[...] os sacerdotes entram continuamente no primeiro tabernáculo para realizar os serviços sagrados. Mas, no segundo, o sumo sacerdote entra sozinho uma vez por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do povo. Com isto o Espírito Santo quer dar a entender que o caminho do Santuário ainda não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido. Isso é uma parábola para a época presente, na qual se oferecem dons e sacrifícios, embora estes, no que diz respeito à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto [...] Quando, porém, Cristo veio como sumo sacerdote [...], mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos humanas, [...] não pelo sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santuário, uma vez por todas, e obteve uma eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9:1, 6-9, 11-14).

Conforme está implícito nessa passagem da Escritura, as obras que eram aceitáveis no sistema cerimonial são agora consideradas obras mortas, caso não resultarem de, ou forem inspiradas por uma caminhada íntima e pessoal com Cristo em Seu ministério por nós, no Santuário celestial. No entanto, muitos cristãos estão convencidos de que sua salvação está garantida com base em suas obras e sua confissão de pecados evidentes, e que para Deus, isso é o suficiente.  Esta é a condição dos laodiceanos, que se sentem espiritualmente ricos e enriquecidos com boas obras quando, na verdade, estão destituídos e correm o risco de perder a salvação.

Então, seriam as boas obras importantes ou não para a nossa salvação? Certamente que  as boas obras serão observadas na vida do verdadeiro povo de Deus, porém elas serão o fruto de um relacionamento pessoal constante com Jesus.

“Cada pessoa que verdadeiramente crê na verdade mostrará obras correspondentes. Todas serão zelosas e solenes, e incansáveis em seus esforços para conquistar outros para Cristo. Se a verdade é profundamente plantada de início em seu próprio coração, então buscarão fazer o mesmo no coração de outros. A verdade é mantida muito no pátio exterior. Seja ela trazida ao templo interior da alma, entronizada no coração e que assuma o controle da vida. A Palavra de Deus deve ser estudada e obedecida, então o coração encontrará paz, descanso e alegria, e as aspirações estarão voltadas para o Céu. Mas quando a verdade é posta à parte da vida, no pátio exterior, o coração não é aquecido com o ardente fogo da bondade divina” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 547).

“Cumpre-lhe sujeitar sua vontade à vontade de Jesus Cristo; e, quando assim fizer, Deus tomará imediatamente posse, efetuando ‘em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade.’ Filipenses 2:13. Toda a sua natureza será então submetida ao domínio do Espírito de Cristo; e os seus próprios pensamentos a Ele estarão sujeitos. Você não pode controlar seus impulsos e suas emoções segundo desejar, mas pode dominar a vontade e realizar uma total mudança em sua vida. Entregando a Cristo o seu querer, sua vida estará escondida nEle em Deus, e aliada ao poder que se acha acima de todos os principados e potestades. Você receberá de Deus força que o ligará firmemente a Sua força, e uma nova luz, a própria luz da fé viva, lhe será disponível” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 514).

Para compreendermos a obra completa de Cristo para a salvação da humanidade, precisamos estudar o Santuário em cada época da história. Enquanto o Santuário terrestre estava em funcionamento, as pessoas eram consideradas isentas de culpa, desde que vivessem em obediência voluntária às leis e aos regulamentos dos serviços do Santuário. A submissão aos requisitos divinos mantinha os seres humanos em harmonia com Deus e lhes abria o coração para uma relação salvífica com Ele. A Bíblia diz que Zacarias e Isabel eram “justos aos olhos de Deus, vivendo de forma irrepreensível em todos os mandamentos e preceitos do Senhor” (Lucas 1:6); por isso, estavam preparados para serem escolhidos como pais de João Batista, que foi considerado “cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe” (Lucas 1:15).

No entanto, havia algo mais a ser compreendido sobre o plano da salvação antes que a restauração completa da humanidade pudesse ser realizada. Quando Jesus veio, Ele revelou um conhecimento mais profundo da natureza do pecado.

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo [...] Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. [...] Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. [...] Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus” (Mateus 5:21, 22, 27, 43-45, 48).

Obviamente, Jesus estava estabelecendo um padrão de justiça, santidade e perfeição mais elevado do que era compreendido até então, envolvendo pensamentos e sentimentos conscientes. E foi essa revelação que tanto perturbou os líderes religiosos da época, a ponto de planejarem em seu coração tirar-Lhe a vida, pois não conseguiam suportar a ideia de que a justiça na qual criam não era a justiça requerida por Deus.

Infelizmente, muitos estão cometendo o mesmo erro hoje. Quando Jesus passou Seu ministério para o Lugar Santíssimo em 1844, a fim de iniciar a obra de julgamento, a maioria dos cristãos não entendeu o significado e a relevância da obra que Ele estaria realizando ali.  Tampouco os cristãos compreenderam a necessidade de cooperarem com Ele a fim de receberem os benefícios de Sua obra na vida pessoal deles.  Ainda hoje, muitos cristãos acreditam que poderão continuar pecando até que sua natureza carnal seja removida por ocasião da segunda vinda de Jesus.

Mas o que constitui a natureza carnal? Não seria o conjunto de pensamentos, sentimentos e comportamentos pecaminosos que temos armazenado em nosso cérebro ao longo da vida, somado àqueles herdados de nossos antepassados? Essas memórias armazenadas são a fonte de nossos pensamentos, sentimentos e reações presentes. A palavra “carnal” se refere às coisas procedentes de nosso coração natural e não regenerado. Até que nasçamos de novo do Espírito, a natureza humana caída será a fonte de nossos pensamentos e sentimentos. Quando “nascemos de novo”, uma nova natureza nos é dada por Deus, no entanto, isso não apaga as lembranças do que vivenciamos antes de nos convertermos. Essas lembranças continuam a nos influenciar e são a fonte da guerra travada entre o bem e o mal na vida diária, e que dão acesso para que Satanás nos tente a reagir movidos pelos padrões e impulsos habituais do passado. A ciência nos diz que embora possamos aprender a lidar com a influência dessas memórias, elas nunca poderão ser apagadas da mente e continuarão a nos influenciar de alguma forma.

É verdade que sem um milagre de Deus, o dano que nos foi causado pela hereditariedade e por hábitos cultivados continuará a produzir frutos em nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Porém há esperança para nós na obra que Jesus está atualmente realizando no Lugar Santíssimo, pois Ele se comprometeu a restaurar por completo a geração final a um nível de perfeição jamais visto. Para compreendermos a purificação da mente que é possível através de Jesus, vou agora esboçar brevemente os processos mentais do cérebro, que diariamente influenciam nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos.

O lobo frontal, localizado logo atrás da testa, é a região de nosso cérebro responsável por coisas muito importantes, como raciocínio moral, pensamento criativo e crítico, planejamento do futuro, tomada de decisão, controle do impulso e da vontade. Em suma, o lobo frontal abriga o nosso caráter; e um lobo frontal saudável é essencial para responder adequadamente às experiências pelas quais passamos na vida diária. Quanto mais saudáveis emocionalmente, mais condições temos de processar cada experiência da vida pelo lobo frontal e pensamento racional.

Porém o cérebro também tem um caminho rápido que contorna o lobo frontal e segue diretamente a outras partes do cérebro, que nos leva a reagir movidos por padrões de hábitos formados a partir de experiências passadas. Uma das áreas desse caminho rápido é a amígdala, considerada o centro emocional do cérebro; que pode sequestrar o nosso lobo frontal, a parte racional do cérebro numa tentativa de nos ajudar a “lutar, fugir ou congelar”. Um estímulo no ambiente, seja uma pessoa, uma situação ou um acontecimento pode desencadear algo em nós, e de um segundo para outro podemos nos encontrar nessa via rápida. Se insistirmos em permanecer nela, é provável que reforcemos caminhos neurais profundos de tumultos emocionais e reações comportamentais perturbadoras.

Quando Deus criou a humanidade, Ele nos deu um cérebro maravilhoso que era semelhante ao dEle, com habilidades ilimitadas de pensar e agir, para explorar Sua criação e Seu Universo e para sempre crescer em conhecimento e sabedoria através da comunhão e do companheirismo com Ele. Mas Ele também nos deu liberdade da vontade e poder de escolha. Uma vez que o anjo mais elevado do Céu e um terço dos anjos desertaram na presença do próprio Deus, a liberdade de escolha exigiu que fosse provido um meio pelo qual as alegações do inimigo contra o governo de Deus fossem aceitas ou rejeitadas. Consequentemente, a árvore do conhecimento do bem e do mal foi colocada em cada lar-jardim dos seres criados de todo o Universo.

Quando Adão e Eva pecaram e escolheram ouvir as mentiras do inimigo, abriram a porta para que Satanás tivesse acesso a eles e à sua posteridade até que termine o conflito entre o bem e o mal, na última geração. E é exatamente aqui que estamos agora. Precisamos fazer a escolha final para o bem ou para o mal, porque todas as consequências das escolhas do mal estão expostas diante do Universo expectante. E Deus mostrará nesta geração final que, com o mesmo poder criativo que usou para criar o Universo, Ele pode agora restaurar a mente humana à santidade e perfeição de caráter que existia no princípio. Porém essa santidade de mente e caráter não se dará por um ato divino miraculoso sem a nossa cooperação consciente, como muitos escolhem acreditar. Ela virá como resultado de decisões e escolhas inteligentes em todas as áreas da vida, em que estamos em desacordo com Deus no momento. Este processo ocorre quando o julgamento dos mortos for concluído e o julgamento dos vivos se inicia. Ellen White descreve a experiência dos vivos quando essa transição estiver acontecendo:

“Os que desejam participar dos benefícios da mediação do Salvador, não devem permitir que coisa alguma interfira com seu dever de aperfeiçoar a santidade no temor de Deus [...] O assunto do Santuário e do juízo de investigação deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, lhes será impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar [...]

“Vivemos hoje no grande dia da expiação. No cerimonial típico, enquanto o sumo sacerdote fazia expiação por Israel, exigia-se de todos que afligissem a alma pelo arrependimento do pecado e pela humilhação, perante o Senhor, para que não acontecesse serem extirpados dentre o povo. De igual modo, todos quantos desejem seja seu nome conservado no livro da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve haver um exame de coração, profundo e fiel [...] Embora todas as nações devam passar em juízo perante Deus, examinará Ele o caso de cada indivíduo, com um exame tão íntimo e penetrante como se não houvesse outro ser na Terra. Cada um deve ser provado, e achado sem mancha ou ruga, ou coisa semelhante [...]

“O juízo ora se realiza no Santuário celestial. Há muitos anos esta obra está em andamento. Breve, ninguém sabe quão breve, passará ela aos casos dos vivos. Na augusta presença de Deus nossa vida deve passar por exame. Atualmente, mais do que em qualquer outro tempo, importa a toda alma atender à admoestação do Salvador: ‘Vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.’ Marcos 13:33. ‘Se não vigiares, virei a ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.’ Apocalipse 3:3 [...]

“‘Vigiai, pois, ... para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.’ Marcos 13:35, 36. Perigosa é a condição dos que, cansando-se de vigiar, volvem às atrações do mundo. Enquanto o homem de negócios está absorto em busca de lucros, enquanto o amante dos prazeres procura satisfazer aos mesmos, enquanto a escrava da moda está a arranjar os seus adornos — pode ser que naquela hora o Juiz de toda a Terra pronuncie a sentença: ‘Pesado foste na balança, e foste achado em falta.’ Daniel 5:27” (O Grande Conflito, p. 488-492).

Muitos ao lerem estas passagens chegam à conclusão de que nunca saberemos quando Cristo vai chegar ao nosso nome no julgamento. Porém observem cuidadosamente o contexto em que nosso nome pode aparecer sem que o saibamos: aqueles que não estão vigiando e se acham absortos com as coisas deste mundo não saberão quando seus nomes passarem em juízo; mas aqueles que estão vigilantes e que acompanham Jesus em Sua obra no Santuário celestial estarão entre as virgens prudentes que aprontaram suas lâmpadas e possuíam o óleo necessário para participarem do casamento.

Qual é a diferença entre a experiência daqueles que viveram antes de nós, vivendo na época em que Jesus estava ministrando no Lugar Santo do Santuário? Paulo fala sobre isto em 1 Coríntios 4:1-5:

“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor”.

Nessa passagem, “Paulo se refere ao tempo designado por Deus para o julgamento” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, não EGW). A partir do entendimento provido pelo Espírito Santo, Paulo se refere ao fim da profecia dos 2.300 dias de Daniel, quando Jesus passou do Lugar Santo para o Santíssimo em 1844, ou seja, o “tempo designado” em que Ele começaria o julgamento final de Seu povo.

“Depois, ouvi um santo que falava; e outro santo lhe perguntou: — Até quando vai durar a visão do sacrifício diário suprimido e da transgressão desoladora? Até quando o Santuário e o exército ficarão entregues, para que sejam pisados aos pés? Ele me disse: — Até duas mil e trezentas tardes e manhãs. Depois, o Santuário será purificado.[...] Ele disse: — Eis que vou lhe contar o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim” (Daniel 8:13, 14, 19).

Observem que Paulo diz que, embora ele próprio não estivesse ciente de nada em sua vida que fosse contra a sua consciência, ele anteviu com precisão que no tempo do julgamento pré-advento, Deus traria à luz o que estivesse escondido nas trevas e exporia os níveis mais profundos e motivações do coração humano. Ellen White também reforça a interpretação da predição de Paulo do juízo vindouro:

“‘Há um memorial escrito diante’ de Deus, no qual estão registradas as boas ações dos ‘que temem ao Senhor, e para os que se lembram do Seu nome’. Malaquias 3:16. Suas palavras de fé, seus atos de amor, acham-se registrados no Céu [...]

“Há também um relatório dos pecados dos homens. ‘Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau.’ Eclesiastes 12:14 [...] Os propósitos e intuitos secretos aparecem no infalível registro; pois Deus ‘trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações’. 1 Coríntios 4:5” (O Grande Conflito, p. 481).

Os propósitos e intuitos secretos são ocultos até para nós mesmos, porque residem nos níveis mais profundos da mente e, a menos que nos sejam revelados por Deus, continuaremos a agir com base neles enquanto vivermos. Podemos acreditar que sabemos por que pensamos e agimos da forma como o fazemos, porém há níveis mais profundos provenientes de nossa herança ou experiências da infância que estão ocultos em nosso inconsciente e que não podem ser recuperados a menos que nos sejam miraculosamente revelados por Deus. No entanto, devemos estar espiritualmente vigilantes e cooperar com Ele para que isso ocorra, pois: “o Senhor não faz coisa alguma sem nossa cooperação” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 236).

“Cristo diz do vencedor: ‘De modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida’ (Apocalipse 3:5). Os nomes de todos os que uma vez se entregaram a Deus são escritos no livro da vida, e seu caráter está agora sendo examinado diante dEle. Anjos de Deus estão avaliando o valor moral. Eles observam o desenvolvimento do caráter dos que vivem agora, para ver se os seus nomes podem ser mantidos no livro da vida. É-nos concedido um tempo de graça para lavarmos e alvejarmos as vestes do caráter no sangue do Cordeiro. Quem está fazendo essa obra? Quem está se separando do pecado e do egoísmo?” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 1072).

Como podemos cooperar com a obra que Jesus está realizando neste exato momento para preparar Seu povo para o fechamento da porta da graça e para o tempo de angústia? Para compreendermos melhor, devemos voltar aos serviços do Santuário do Antigo Testamento, que eram requeridos para o Dia da Expiação:

“E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo.” (Levíticos 16:29-31).

“Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor. [...] Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo. Também toda a alma, que naquele mesmo dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo. [...] Sábado de descanso vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado” (Levíticos 23:27, 29, 32).

Observem que afligir a alma no Dia da Expiação é uma necessidade absoluta se a pessoa quiser estar entre o remanescente de Deus e desejar ser vencedora durante o julgamento dos vivos.

A palavra “afligir” em hebraico significa: aborrecer-se; castigar-se; lidar consigo; humilhar-se; submeter-se (Concordância Strong).

“Enquanto Cristo está purificando o Santuário, devem os adoradores na Terra examinar cuidadosamente a própria vida, e comparar o caráter com a norma da justiça” (Evangelismo, p. 224).

“Sem o processo transformador que só pode advir através do divino poder, as propensões originais para o pecado permanecem no coração com toda a sua força, para forjar novas cadeias, para impor uma escravidão que nunca pode ser desfeita pela capacidade humana” (Evangelismo, p. 192).

Por que Ellen White usa a palavra “coração” quando se refere às nossas propensões originais ao pecado?

Eis alguns significados para a palavra “coração”: o eu interior; sede do pensamento e da emoção; consciência; compreensão; íntimo do ser (Concordância da NVI).

De onde vêm esses sentimentos e impulsos internos e por que são tão difíceis de controlar com a razão? Para entender isso, precisamos analisar a amígdala e seu funcionamento.

“A amígdala funciona como nosso ‘disco rígido emocional’. Ela controla todas as emoções já experimentadas no passado, bem como a intensidade delas, mas não inclui informações específicas sobre os eventos que desencadearam cada emoção [...]. A amígdala não decodifica medo, raiva ou alegria [...]. Para ela, medo é medo, raiva é raiva, alegria é alegria, e essas experiências emocionais são todas vistas de forma idêntica. Na amígdala, não há cronologia de emoções [...].

“A amígdala é responsável pelo sopro inicial da emoção. Essa resposta emocional não filtrada tem sua base nas experiências emocionais do passado, registradas no banco de dados da amígdala. Pesquisas indicam que é a amígdala que produz a resposta de ‘lutar ou fugir” que compartilhamos quando enfrentamos situações de ameaça ou perigo. Nossa amígdala detém todas as emoções já experimentadas e, a qualquer momento, pode trazê-las à tona” (HEALY, E. D. EQ and Your Child. São Carlos, CA: Familypedia Publishing, 2005).

Nessas poucas palavras acha-se a base para o restante de nosso estudo sobre a purificação do inconsciente e do subconsciente. Se bem se lembram, afirmei neste estudo que a amígdala está localizada no “caminho rápido” do nosso cérebro. Em outras palavras, um estímulo pode fazer com que o cérebro tome um atalho desviando-se do lobo frontal, onde estão armazenados o nosso pensamento crítico e a razão, e gerar uma reação de “luta ou fuga” sem consultar o nosso bom senso. Alguma vez, vocês já se perguntaram por que reagiram de certo modo a uma situação difícil, e só mais tarde conseguiram ponderar com calma sobre o que deveriam ter feito ou falado? Isso acontece porque as memórias armazenadas na amígdala foram imediatamente acionadas, e uma mensagem foi enviada ao cérebro a fim de prepará-lo para se proteger da forma como está acostumado.

Ora, então não há esperança de sermos libertados dessa condição até que Jesus volte e mude nossa natureza? Deus nos livre! O plano da salvação abrange a purificação e o apagamento dessas memórias e caminhos pecaminosos, ao implantar em nós a própria natureza e a perfeição do caráter de Cristo. É justamente neste ponto que muitos cristãos param de crescer espiritualmente, pois não percebem que existe uma última etapa no plano da salvação que precisa ser vivenciada antes da volta de Jesus

Para que possamos nos beneficiar do que Jesus está fazendo em Sua obra final de aniquilamento do pecado, precisamos manter comunhão íntima com Ele o tempo todo, ouvir a Sua voz e obedecer a tudo o que Ele nos orienta a fazer, com boa vontade e alegria. Sem esse relacionamento constante e íntimo com Jesus, será impossível rompermos com os padrões de hábitos de uma vida inteira de pensamentos, sentimentos e comportamentos errados.

Para melhor compreendermos os requisitos progressivos de Deus para os três níveis do Santuário, eu os revisarei brevemente em sua ordem:

Na etapa do Pátio, no plano da salvação, a linha de base era a obediência comportamental.  A justiça consistia na obediência à lei eterna e no cumprimento das regras e regulamentos que Deus havia revelado, necessários para um relacionamento com Ele.

Quando Jesus ascendeu ao Céu e começou Seu ministério no Lugar Santo do Santuário celestial, os requisitos de santidade abarcavam a lei conforme se aplicava à vida íntima de pensamentos e sentimentos conscientes.

No entanto, quando Ele entrou no Lugar Santíssimo em 1844, começou uma obra de julgamento que se estendia às fontes ocultas da emoção, das quais fluem todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Por essa razão, é compreensível que hoje a maioria das pessoas acredite que o julgamento dos vivos é um processo secreto, porque Cristo está julgando os segredos do coração humano. Mas tenho boas novas para vocês! Jesus é um revelador de segredos, e Ele é capaz de revelar a cada um de nós tudo o que vê nos livros do Céu que estão abertos diante dEle.

Gostariam vocês de saber como cooperar com Jesus no processo de purificação da vida íntima? Muitos do povo de Deus estão agora mesmo começando a fazer parte dessa experiência, e à medida em que caminham com Jesus, Ele vai lhes revelando as áreas em sua vida que não refletem os princípios de justiça exigidos para que se possa ter um lugar no Seu reino celestial.

O ideal do caráter cristão é a santidade. A palavra “santidade” significa “harmonia com Deus” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 743). E “sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14). Sabiam vocês que a vinda de Jesus tem sido retardada porque o povo de Deus não tem cooperado com Ele nesse processo? Deus tem esperado durante muito tempo por um povo que se afaste das coisas terrenas e que se concentre em Jesus, à medida em que Ele caminha conosco através desse processo de purificação.

“As taças da ira de Deus não podem ser derramadas para destruir o ímpio e suas obras, enquanto todo o povo de Deus não tiver sido julgado, e não tiver sido decidido tanto o caso dos vivos como dos mortos” (Testemunhos para Ministros, p. 446).

“Vi que os quatro anjos segurariam os quatro ventos até que a obra de Jesus estivesse terminada no Santuário, e então viriam as sete últimas pragas” (Primeiros Escritos, p. 36).

Gostariam vocês de estar entre aqueles que ajudarão a apressar a volta de Jesus? Muitos anos atrás, Ellen White teve um sonho que ilustra o processo necessário para termos entrada no templo celestial.

“Sonhei que via um templo em que muitas pessoas estavam se reunindo. Apenas os que se refugiassem naquele templo seriam salvos quando terminasse o tempo; todos os que ficassem fora estariam para sempre perdidos. A multidão que se achava fora e prosseguia com seus vários interesses, caçoava e ridicularizava dos que estavam entrando no templo, e dizia-lhes que esse meio de segurança era um sagaz engano e que, de fato não havia perigo algum para se evitar [...]

“Receosa de ser escarnecida, achei melhor esperar até que a multidão se dispersasse ou até que eu pudesse entrar sem ser observada por eles. Mas o número aumentava em vez de diminuir e, receando ficar muito atrasada, saí apressadamente de casa e atravessei a multidão [...]. Entrando no edifício, vi que o vasto templo era apoiado por uma imensa coluna, e a ela se achava amarrado um cordeiro todo ferido e ensanguentado. Nós que nos achávamos presentes parecíamos saber que esse cordeiro fora lacerado e ferido por nossa causa. Todos os que entravam no templo deveriam ir diante dele e confessar seus pecados [...]

“Eu parecia ser compelida a ir para a frente, e vagarosamente caminhei em redor da coluna a fim de defrontar-me com o cordeiro, quando uma trombeta soou, o templo foi abalado, brados de triunfo se levantaram dos santos reunidos, e um intenso brilho iluminou o edifício, então tudo passou a ser trevas intensas” (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 27, 28).

Esse sonho impressionante ilustra a experiência daqueles que estarão vivos quando Jesus voltar. Aqueles que compreendem a importância da mensagem do Santuário se achegarão a Jesus e confessarão todos os seus pecados durante a experiência de purificação e aniquilamento de todos os pecados do povo de Deus, no Lugar Santíssimo. Mas como podemos saber as raízes dos pecados que estão no fundo do inconsciente? A resposta encontra-se no conselho de Jesus para os laodiceanos:

“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Apocalipse 3:18).

Laodiceia é a igreja em julgamento ou contemporânea ao momento do julgamento da história da Terra. Há três pontos importantes a considerar no conselho dado por Jesus a Laodiceia. O número um é o ouro refinado no fogo. Quando tudo vai bem em nossa vida, é provável que não observemos que em nosso íntimo existem defeitos de caráter que impedem que o nosso [caráter] seja semelhante ao de Jesus. E assim sendo, Deus nos permite passar por provações que trazem à tona as impurezas ocultas, guardadas nas profundezas de nossas experiências e memórias passadas. Por exemplo, caso tenhamos sofrido no passado algum tipo de abuso, nossos pensamentos, sentimentos e reações ao abuso ficarão alojados no banco de dados de nossa mente, e se não forem purificados e curados, continuarão a nos afetar pelo resto da vida. Por isso, Jesus nos aconselha a comprar dEle ouro refinado no fogo, pois Ele tem o caráter perfeito de que precisamos, e Ele deseja dá-lo a nós, mas não o poderá fazer se não cooperarmos com Ele em cada passo do caminho.

“Que é ser cristão? É ser semelhante a Cristo; é fazer as obras de Cristo. Alguns falham num ponto, outros, noutro ponto. Alguns são impacientes por natureza. Satanás percebe a fraqueza deles, e muitas vezes consegue vencê-los. Mas ninguém deve ficar desalentado por causa disso. Sempre que surjam pequenos aborrecimentos e aflições, pedi a Deus, em oração silenciosa, que vos dê forças e graça para suportá-los pacientemente. Há poder no silêncio; não profirais uma palavra até que tenhais enviado vossa petição ao Deus do Céu. Se sempre fizerdes isso, logo vencereis o vosso temperamento impetuoso, e tereis aqui um pequeno Céu para entrar no Céu” (Exaltai-O, p. 396).

“Cada caráter será pesado nas balanças do Santuário; se o caráter moral e o progresso espiritual não corresponderem às oportunidades e bênçãos, será escrito ao lado do nome: ‘em falta’. A Luz do mundo é nosso guia, e o caminho se torna cada vez mais claro, ao avançarmos nos passos de Jesus. Oxalá nos conservemos bem perto de nosso Líder! ... Os que estudarem humildemente o caráter de Jesus, refletirão mais e mais a Sua imagem” (Nos Lugares Celestiais, p. 131).

Mas mesmo com o refinamento que recebermos por meio das provações e tentações, é possível que às vezes ainda fiquemos aquém da meta de perfeição de caráter a que Jesus se refere em Seus conselhos a Laodiceia. Por isso, Jesus também nos aconselha a comprar dEle “vestes brancas”. O mesmo também aparece em Apocalipse 19:7, 8, como o caráter perfeito da noiva de Cristo no fim dos tempos.

“Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos”.

Com o objetivo de entendermos na íntegra o nível de justiça e santidade que Jesus nos oferece e que é simbolizado no texto como as belas vestes brancas de uma noiva, precisamos compreender o que significa a palavra “caráter” e a relevância disso para a purificação e o aperfeiçoamento de nossa vida e para o apagamento dos nossos pecados dos registros celestiais.

Os pensamentos e os sentimentos, combinados, constituem o caráter moral” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 310).

“[...] os anjos de Deus colocam diariamente nos livros do Céu uma representação exata do caráter de cada ser humano” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, p. 1104).

Observem cuidadosamente que não são apenas nossos atos exteriores que estão escritos nos livros do Céu, mas também todos os nossos pensamentos e sentimentos, e no Dia do Juízo, eles serão trazidos à tona para nos absolver ou condenar. Jesus disse:

“Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado” (Mateus 12:34-37).

Em outras palavras, o juízo de Deus será feito com base nos motivos por trás dos nossos sentimentos, pensamentos, palavras e atos.

“Todo ato é julgado pelos motivos que o sugeriram” (Parábolas de Jesus, p. 169).

“Porque O Senhor esquadrinha todos os corações, e penetra todos os desígnios dos pensamentos” (1Crônicas 28:9).

“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (Pv 16:2).

“Cada ato de nossa vida, seja excelente e digno de louvor ou merecedor de censura, é julgado pelo Perscrutador dos corações segundo os motivos que o determinaram” (Obreiros Evangélicos, p. 275).

Percebem o dilema que se coloca sobre o cristão verdadeiro que deseja ser salvo, que deseja agradar a Deus e, no entanto, às vezes cai nas tentações do maligno! Com Paulo podemos dizer: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24). A boa nova é que Jesus está disposto e é capaz de fazer isso por nós! Porém não como alguns pensam, ou seja, simplesmente cobrindo o registro de nossos pecados com Sua justiça e nos deixando na mesma condição. Seu plano de salvação, ao contrário, envolve aniquilar por completo, até mesmo as sementes do pecado de nosso coração.

“E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. [...] Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. [...] Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem” (Mateus 15:10-20).

As pessoas que ouviram a Jesus naquele dia não entenderam realmente a profundidade do que estavam ouvindo. Mas nós, que vivemos no tempo do julgamento final que Jesus está conduzindo no Céu, precisamos entender e cooperar com a obra que Ele está realizando no Lugar Santíssimo a fim de preparar um povo para permanecer firme no tempo de angústia.

“Vai Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Daniel 12:9, 10).

Percebam que o anjo que falou com Daniel usou a palavra “provados”, que é o mesmo conceito usado por Jesus em Seu conselho para Laodiceia. Embora nenhum de nós goste de passar pelas provações ardentes que são necessárias para nos refinar como ouro, elas são os meios usados por Jesus para trazer à tona as coisas escondidas em nosso coração, de modo que possamos enxergar nossos defeitos de caráter, nos arrepender e sermos purificados.

 “Assim como o fogo purifica o ouro, assim Cristo purifica Seu povo pela tentação e prova — Manuscrito 115, 1902” (CT, p. 303).

A obra da restauração jamais poderá ser completa, a menos que sejam alcançadas as raízes do mal. Repetidas vezes foram aparados os brotos ao passo que a raiz da amargura foi deixada a rebrotar e contaminar a muitos. Porém, ela tem de ser atingida em toda a profundidade do mal oculto. As percepções morais têm de ser julgadas e rejulgadas à luz da presença divina. A vida diária testificará se a obra é genuína ou não” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, p. 1288).

“A copa foi cortada, mas as raízes nunca foram desarraigadas, e elas ainda dão o seu fruto profano para envenenar o juízo, perverter a percepção, e cegar o entendimento [...] Quando, pela confissão completa, destruirdes as raízes da amargura, vereis a luz, à luz de Deus. Sem esse trabalho completo, nunca purificareis vossa alma” (Testemunhos para Ministros, p. 467).

A minha jornada nesta purificação especial, que eu entendi ser o julgamento dos vivos, começou em 1974. Sob várias provações severas, descobri que tinha dentro de mim um poço de ódio que eu não tinha identificado antes. Depois de muita oração, o Senhor me revelou que esse ódio vinha das minhas experiências de infância com meu pai, e o ressentimento que eu havia nutrido como resultado. Após profundo arrependimento e confissão do meu pecado a Deus e a meu pai, o Senhor removeu essas lembranças da minha mente, e já não consigo mais me lembrar delas.

Deus então me levou a uma compreensão maior do Santuário, como uma experiência. Por 10 anos, estudei os conceitos do Santuário e, em 1984, o Senhor me chamou para o ministério público ao redor do mundo, para ensinar as coisas que eu havia aprendido. Desde então, muitos outros têm reconhecido que Deus os está chamando para um nível mais profundo de arrependimento, que permite que Deus lhes revele os segredos do coração, com isso, dando a Jesus o direito de purificar seus pecados tanto da mente quanto dos livros do Céu. Assim, Ele imprime Seu próprio caráter santo e justo no coração e na mente daqueles que estão dispostos a passar por essa experiência. Quando esse processo de purificação for completamente realizado no povo de Deus, Ele colocará Seu selo de aprovação sobre os lobos frontais da mente, que indica que estamos em pleno acordo com Deus em todos os aspectos da nossa vida.

“A ciência da santidade [...] não reconhece outra norma senão a perfeição da mente e da vontade de Deus” (AV p. 103).

“Aqueles que se mantêm firmes na fé até o fim sairão da fornalha de prova como o ouro fino purificado sete vezes [...] Lembrai-vos de que há alguém vigiando a todo momento para ver quando a última partícula de impureza é removida de vosso caráter” (Olhando para o Alto, p. 323).

“Se o olhar se mantiver fixo em Jesus, a obra do Espírito não cessa, até que a alma esteja conforme a Sua imagem (O Desejado de Todas as Nações, p. 207).

“Pode levar tempo para alcançar perfeita submissão a vontade de Deus, mas nunca podemos parar aquém e estarmos aptos para o Céu” (Testemunhos para a Igreja, vol.3, p. 538).

O último ponto que quero apresentar neste artigo é a terceira parte do conselho de Jesus para os laodiceanos. Ele disse ao povo de Laodiceia que precisavam de colírio a fim de enxergar. Devido à cegueira quanto aos nossos pecados, devemos buscar o Senhor para receber o dom do Espírito Santo a fim de vermos a nossa verdadeira condição. Caso contrário, seremos deixados em nosso estado atual até que seja tarde demais para recebermos o precioso óleo que será derramado durante a chuva serôdia. Lembrem-se do caso das virgens insensatas e prudentes. As insensatas esperaram demais para despertar e se preparar para a vinda do noivo. Sem o óleo do Espírito Santo é impossível ver as mudanças que precisam ser efetuadas em nosso caráter.

“Nunca poderemos atingir a perfeição de caráter, caso não ouçamos a voz de Deus e Lhe obedeçamos ao conselho” (Filhos e Filhas de Deus, p. 90).

“A classe representada pelas virgens loucas [...] não permitiram que sua velha natureza fosse quebrantada [...] contentou-se com uma obra superficial. Não conhecem a Deus; não estudaram Seu caráter; não tiveram comunhão com Ele; por isso não sabem como confiar, como ver e viver. Seu serviço para Deus degenera em formalidade” (Parábolas de Jesus, p. 223, 224).

“Se, enquanto professam ser discípulos de Cristo, eles acariciarem traços de caráter herdados e cultivados [...] são [...] como as virgens néscias” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 4, p. 1301).

Na minha experiência no processo de purificação, descobri para minha alegria, que quando as origens do pecado são confessadas, abandonados e apagadas da minha mente e dos livros do Céu, eu consigo ouvir a voz mansa e suave de Deus falando comigo, antes de eu dizer ou fazer algo que não esteja em harmonia com o caráter e a vontade de Jesus. Então, posso escolher me submeter à Sua voz e seguir Sua liderança, em vez de ouvir as tentações do maligno e a voz do impulso vindo da minha amígdala impura. Quando as raízes do mal se vão, a irresistível tentação de pecar é então substituída pela doce voz de Jesus falando através do Espírito Santo ao nosso coração. Podemos então dizer com Isaías:

“Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.
Ó Senhor Deus nosso, já outros senhores têm tido domínio sobre nós; porém, por ti só, nos lembramos de teu nome. Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória” (Isaías 26: 12-14).

Não está na hora de buscarmos ao Senhor até que O encontremos? Se pudéssemos ver a brevidade do tempo que nos resta, nos apressaríamos para entrar no templo e confessar nossos pecados diante do cordeiro imolado. Não fiquem entre os servos preguiçosos ou escarnecedores que ridicularizam aqueles que creem no retorno iminente de Jesus, pois nesse estado mental, será impossível ouvir a voz mansa e suave chamando-os ao arrependimento e à purificação antes que seja tarde demais. Estejam dispostos a fazer o que for preciso para se prepararem para o reino de Deus e receber a coroa da vida que é dada aos vencedores. Em breve Jesus concluirá Sua obra no Lugar Santíssimo, então Ele lançará o incensário, e as sete últimas pragas começarão. De que lado vocês estarão quando Jesus pronunciar o veredito final do Seu ministério?

“Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, seja justificado ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22:11, 12).

 

 

Carol Zarska, MAR, Escritora, em 22 Outubro 2019